Falta d'água dobra risco de guerra civil, diz estudo
Explosão demográfica, urbanização desordenada e mau gerenciamento fazem da competição pela água o estopim de centenas de conflitos
Jones Rossi
Milícia em Cartum, capital do Sudão: pesquisa relaciona eclosão e recrudescimento da guerra civil à escassez de água causada pelo El Niño (Ashraf Shazly/AFP/VEJA)
Uma das primeiras guerras da história foi travada por causa de água, há 4.500 anos, entre duas cidades-estado à margem do rio Eufrates, região onde fica o atual Iraque. De lá para cá, a quantidade de água potável disponível no planeta não mudou, mas a explosão demográfica, a urbanização desordenada e o mau gerenciamento de um recurso insubstituível fizeram do acesso à água uma competição cada vez mais agressiva - e o estopim de centenas de conflitos.
Um estudo publicado na revista Nature pelo Instituto da Terra da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, mostra a relação entre a escassez de água e guerra. Analisando o fenômeno El Niño, que em ciclos de três a sete anos provoca aumento na temperatura e diminuição no volume de chuvas, os pesquisadores descobriram que, nos 90 países tropicais afetados pelo fenômeno climático entre 1950 e 2004, o risco de uma guerra civil dobrou, passando de 3% para 6%. "Claro que, sozinha, a falta de água não causa as guerras. Há fatores sociais, políticos e econômicos que devem ser levados em conta", diz Mark Cane, cientista especializado em clima da Columbia. "Mas onde há tensões latentes, o clima pode ser a fagulha que faltava."
Os países pobres são os mais atingidos. A rica Austrália sofre com o El Niño, mas a chance de haver uma guerra civil é nula. Em compensação, a guerra civil que matou mais de duas milhões de pessoas no Sudão floresceu em 1963, ano que o El Niño provocou severas secas, e recrudesceu em 1976, 1983 e novamente este ano, períodos em que o país, agora dividido entre Norte e Sul, foi de novo afetado pelo fenômeno.
“As guerras do século 21 serão travadas por causa da água”, disse Ismail Serageldin, do Banco Mundial, em depoimento ao escritor Alex Prud'homme, autor do livro The Ripple Effect, um alentado estudo sobre os desafios relacionados à água, do esgotamento de aquíferos à contaminação da água tratada nas grandes cidades. As chances de Seralgedin estar certo são grandes. Em 2000, 1,2 bilhão de pessoas não tinham água tratada para beber. Até 2025, serão 3,4 bilhões. Segundo relatório da ONU apresentado em Estocolmo, na Suécia, durante aSemana Mundial da Água, bastaria 0,16% do PIB mundial - o equivalente a 198 bilhões de dólares por ano - para o abastecimento regular de meio bilhão de pessoas, contingente hoje vulnerável a doenças e mesmo à morte por falta de água potável. Caso a questão continue ignorada, até 2030 a demanda de água superará a oferta em 40%.
“As guerras do século 21 serão travadas por causa da água”, disse Ismail Serageldin, do Banco Mundial, em depoimento ao escritor Alex Prud'homme, autor do livro The Ripple Effect, um alentado estudo sobre os desafios relacionados à água, do esgotamento de aquíferos à contaminação da água tratada nas grandes cidades. As chances de Seralgedin estar certo são grandes. Em 2000, 1,2 bilhão de pessoas não tinham água tratada para beber. Até 2025, serão 3,4 bilhões. Segundo relatório da ONU apresentado em Estocolmo, na Suécia, durante aSemana Mundial da Água, bastaria 0,16% do PIB mundial - o equivalente a 198 bilhões de dólares por ano - para o abastecimento regular de meio bilhão de pessoas, contingente hoje vulnerável a doenças e mesmo à morte por falta de água potável. Caso a questão continue ignorada, até 2030 a demanda de água superará a oferta em 40%.
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